Circuito Dimmer – Gradador monofásico

Você já brincou com algum daqueles interruptores tecnológicos que aumentam ou diminuem a intensidade de uma lâmpada? Eles são gradadores monofásicos (dimmer) e neste tutorial veremos como construir um de forma muito simples com poucos componentes eletrônicos.

Um dimmer é um circuito que permite ajustar a potência entregue a uma carga através de controle manual. A palavra dimmer significa “escurecedor” em uma tradução literal do inglês, devido a comum aplicação deste dispositivo para reduzir o brilho de uma lâmpada.

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Dicas  e triacs

Primeiro vamos entender como uma lâmpada ou qualquer dispositivo elétrico funciona ao ser conectado. A energia elétrica disponibilizada em nossas casas está na forma de uma tensão alternada, normalmente de 127 V ou 220 V com frequência de 60 Hz, algo semelhante ao que mostra a imagem.

Forma de onda da tensão da rede elétrica.

Quando ligamos algum dispositivo na tomada, toda essa tensão é aplicada a ele, consumindo a máxima energia disponível. Uma forma de controlar a quantidade de energia entregue à carga seria ligar e desligar rapidamente essa tensão aplicada, de forma que apenas uma parcela da energia disponível é consumida. Para fazer isso na velocidade necessária, são utilizadas chaves eletrônicas que são capazes de fazer o chaveamento automaticamente. Existem diversos tipos de chaves eletrônicas para o nosso dimmer, no entanto, para esta aplicação usaremos um TRIAC e um DIAC.

– DIAC

DIAC e sua representação esquemática.

DIAC é a sigla em inglês para diodo de corrente alternada, então seu funcionamento é similar a um diodo, no entanto conduzindo corrente em ambos sentidos. Quando a tensão nos seus terminais atinge um valor de disparo, ele permite a condução de corrente em qualquer sentido, até que a tensão caia abaixo de +-2 V, como ilustrado no gráfico.

Curva de funcionamento de um DIAC.

– TRIAC

TRIAC e sua representação esquemática.

O TRIAC tem funcionamento bem semelhante ao DIAC, porém ao invés de permitir condução a partir de uma tensão pré-determinada, um pulso de corrente aplicado em seu terceiro terminal permite o seu disparo, conduzindo até que a corrente que o percorre caia a um valor limite.


Mãos À obra – Construindo um dimmer

Componentes necessários

Montagem do circuito

O circuito para construir o gradador é simples, como mostrado na imagem. É importante alertar que este circuito não deve ser ligado à qualquer tipo de dispositivo elétrico. Ele pode ser usado para cargas simples como lâmpadas incandescentes, fornos resistivos. Para cargas complexas, tais como lâmpadas fluorescentes, motores e máquinas elétricas, o controle de tensão é feito por circuitos como conversores buck, ponte H, inversores, retificadores, entre outros métodos que envolvem componentes eletrônicos mais elaborados. 

 

Circuito do gradador monofásico (Dimmer).

Se você for testar o circuito em uma protoboard, certifique-se de que a corrente exigida pela sua carga esteja dentro das limitações da protoboard. Para confeccionar a placa de circuito impresso, você poderá usar programas como Proteus, KiCad, Fritzing, que possibilitam projetar o circuito que será passado para o placa. Se você possui alguma dúvida quanto a esse processo, confira o tutorial de confecção de placas.

Quando o circuito estiver devidamente montado na placa de circuito impresso, esteja atento antes de ligá-lo à rede, já que a tensão de entrada será maior que 100V e pode causar choques elétricos. Esteja certo de que o dimmer foi devidamente isolado com fita isolante e fixado antes de ligá-lo.

Quando for ligá-lo, verifique se o funcionamento está de acordo com aquele esperado e se o dimmer é capaz de variar a potência entregue à carga pelo ajuste do potenciômetro. É possível que o funcionamento não ocorra exatamente da forma correta, devido às imprecisões dos valores de resistência e capacitância dos componentes utilizados. Talvez você note que o brilho não se altera quando o potenciômetro está em algum dos limites, seja o superior ou inferior. Caso a lâmpada não esteja respondendo ao controle para acender, deve-se diminuir o valor do capacitor para faixa de 47 a 80nF, podendo ser feito pela inserção de capacitores de 100 a 470nF em série com o C1 de 100nF. No caso oposto, quando o brilho máximo for atingido mesmo antes do giro completo do potenciômetro, deve-se aumentar para 120nF a 200nF o valor da capacitância, sendo feito através da inserção de capacitores de 10 a 47nF em paralelo com o C1.

Funcionamento

Circuito RC.

Para entender como esse circuito funciona, primeiramente é necessário saber o papel do capacitor. Esse componente é capaz de armazenar carga elétrica ao ser ligado em série com uma resistência, será carregado em um tempo definido pelos valores de R e C. Chama-se constante de tempo, ou τ (tau), de um circuito RC simples (como o da figura acima), definida pelo produto R x C, sendo que o capacitor carrega em aproximadamente 4 constantes de tempo. A imagem abaixo demonstra a curva de tensão de um capacitor de um circuito RC série (em azul) após um degrau de tensão, ilustrando o carregamento. Um degrau de tensão se aproxima ao comportamento de um interruptor sendo acionado, onde uma tensão constante é aplicada instantaneamente, como mostra a curva vermelha. O ponto marcado corresponde ao tempo de um τ após o degrau.

Curva de tensão de um capacitor de um circuito RC série após um degrau de tensão.

No circuito do dimmer, conseguimos variar esse tempo de carga do capacitor por meio do resistor variável, o que permite que o capacitor demore mais ou menos tempo para atingir a tensão de condução do DIAC, que por sua vez possibilita disparar o TRIAC e acionar a carga. Quando o potenciômetro está no seu curso máximo, o tempo de carga será maior e o disparo acontecerá no final do semiciclo da tensão da rede, fazendo o brilho ser mínimo. Já quando o potenciômetro estiver no batente mínimo, a carga será mais rápida e o disparo será dado logo no início do semiciclo, fazendo o brilho da lâmpada ser máximo. Os gráficos abaixo ilustram a forma de onda da tensão sobre a carga com os disparos em instantes variáveis.

Formas de onda da tensão sobre a carga para diferentes disparos.

Considerações finais

Espero que tenham gostado e aprendido com este tutorial. Embora se trate de um circuito simples, podemos fazer um dispositivo interessante e bastante prático. Mãos à obra! Explore as diversas possibilidades com o seu dimmer e traga suas dúvidas sempre que surgirem!